domingo, 19 de abril de 2009

Vice da Bolívia diz que vida de Morales continua em perigo

Matéria da Folha Online
Foto :Ilustrativa

O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, afirmou neste domingo que a vida do presidente Evo Morales e o próprio Estado boliviano ainda correm risco devido ao grupo que, segundo o governo, planejava o assassinato do presidente e que foi desarticulado na semana passada em Santa Cruz, no leste do país.

"A vida do presidente Evo [Morales] esteve e segue em risco", disse García Linera, ao informar na televisão estadual sobre a operação policial antiterrorista na qual morreram três supostos membros do grupo e outros dois foram detidos.

O vice-presidente chegou a afirmar que "a segurança e a unidade do Estado e a vida dos bolivianos" seguem em risco por uma trama sobre a qual "apenas 10% ou menos vieram a público".

Na última quinta-feira (16), Linera anunciou que três supostos terroristas haviam morrido em um tiroteio com a polícia. Os três fariam parte, segundo ele, de um grupo de "mercenários internacionais" que preparava o assassinato dele e do presidente Evo Morales. Na operação policial em um hotel de Santa Cruz foram mortos o romeno Magyarosi Arpak, o irlandês Dwayer Michael Martin e o boliviano Eduardo Rózsa Flores, e foram detidos o boliviano-croata Mario Tadic Astorga e o húngaro Elod Tóaso.

Os cinco são acusados de pertencer a uma quadrilha que, segundo García Linera, pretendia matar o presidente e outros membros do gabinete de Morales, incluindo o próprio vice-presidente.

O vice disse neste domingo que, por trás dos supostos terroristas, há um cérebro boliviano que tinha por "objetivo final ou a tomada do poder por meio violento ou algum tipo de fragmentação regional", tentando gerar uma "onda de violência e descontrole geral", antes de formar "grupos armados".

García Linera, no entanto, não quis se arriscar a dizer quem estaria por trás dos atos, mas apontou para "uma direita derrotada politicamente que não confia na via democrática para mudar o poder".

A oposição boliviana levantou suspeitas sobre os supostos planos de assassinato do presidente e criticou o que foi considerada uma tentativa de "politizar" uma questão que alguns qualificaram de "show" e "montagem".

Em comunicado divulgado em Dublin, a família do cidadão irlandês identificado como Michael Martin Dwyer, um dos supostos terroristas mortos na quinta-feira disse estar surpresa com a acusação. Um dos vereadores da localidade disse que não acredita que Dwyer tenha morrido nas circunstâncias informadas pelo governo boliviano.

García Linera, no entanto, afirmou que essas dúvidas da oposição levantam "suspeitas", e anunciou que, com a documentação apreendida na operação e a declaração dos dois detidos, "vão despontar indícios".

Durante a Cúpula das Américas, realizada neste fim de semana em Trinidad e Tobago, Morales o pediu que o presidente americano, Barack Obama repudiasse publicamente o suposto plano para matá-lo.

Obama disse que não tinha informações sobre o assunto, mas afirmou que seu governo não tinha qualquer relação com o plano.