quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Audiência discute soluções para cheias

Em busca de soluções para as cheias que assolam a cidade e de informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para evitar prejuízos à comunidade, a Câmara de Vereadores promoveu audiência pública na noite desta quarta-feira (5).

A destruição da margem esquerda do rio Itajaí-Açu, no Centro, o dique da Fortaleza e comportas do Vorstadt, Vila Nova, 25 de Julho e Santa Efigênia marcaram o debate. O autor do requerimento Vanderlei de Oliveira (PT), sugeriu a união dos representantes dos bairros atingidos, como forma de aumentar a força de pressão.

Na condição de representante do estado no Conselho Nacional das Cidades, propôs que representantes do Projeto JICA (Agencia de Cooperação Internacional do Japão) também venham ao legislativo, apresentar detalhes do empreendimento.

O engenheiro Juliano Gonçalves, presidente da AEAMVI, abriu o encontro afirmando que os desastres ocorridos na região não são naturais, mas sociais e o entendimento é fundamental para nortear ações preventivas.

A ocupação irregular do solo, a falta de planejamento e obras de infraestrutura e o desaparelhamento das estruturas públicas (medição do rio, por exemplo) foram apontados como responsáveis.

Também eximiu o comitê da bacia do Rio Itajaí de culpa nos problemas ocorridos na margem esquerda. Gonçalves criticou a falta de discussão do Plano Diretor do município e as dificuldades impostas ao CREA para desempenhar o importante papel de fiscalização.

Para o secretário de Defesa Civil, José Egídio de Borba, Blumenau é exemplo em termos de recuperação de catástrofes. “A Defesa Civil de Blumenau trabalha mais na prevenção dos desastres”, declarou. Ele salientou que algumas dificuldades enfrentadas são os problemas de manutenção. “A comunidade tem que pressionar as autoridades e o poder público para ter o PI 5 funcionando, assim como outros diques. Vamos conviver com enchentes por muito tempo, temos que aprender a conviver com elas”, disse.

O representante da Comissão da rua Uruguai/ Margem esquerda do rio Itajaí-Açú, engenheiro Milorad Boskovic, afirmou que o ideal era que, nas enchentes, a velocidade da água em Blumenau fosse constante. “Como se o rio parasse na entrada de Blumenau e continuasse na saída”. Ele afirmou que alguns ambientalistas dizem que deveria se aumentar a calha do rio e aprofundá-lo, mas ele acha que esta possibilidade não é viável. “A Ponta Aguda já é esta bacia por natureza, quando a água sobe, vem por trás e 70% do bairro é atingido”.

Ao afirmar que o problema da margem esquerda não é o único pelo qual passa a bacia do rio Itajaí-Açu, o representante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Vale do Itajaí, Aristeu Formiga, apontou ser preciso pensar sistemicamente. “É importante discutir que interferências podemos fazer em longo prazo. Quem manda fazer uma obra tem que se responsabilizar por ela também”, defendeu.

Dique da Fortaleza

Anésio Kirschner lembrou que no início da década de 90, a Fortaleza começou a sofrer com enxurradas, quando foi elaborado o projeto do PI 5. Disse que a região é ocupada por dezenas de pontos comerciais, trazidos com muito trabalho devido ao problema com as águas. Para o líder comunitário o momento não é de achar culpados, mas encontrar formas de aumentar a vazão das águas. Também citou que falta muito pouco para o dique entrar em operação e esta é a reivindicação mais premente.

25 de julho
O advogado e ex-vereador João Ernesto Batista, informou que a comporta da rua 25 de julho, está concluída em 95%. “Já existe a casa de maquinas, a guilhotina a ser fechada conforme orientação da Defesa Civil e o valor orçado para a compra de bombas é muito baixo, diante dos prejuízos provocados em cada evento”. Também alertou para a importância de manter estes equipamentos sob vigilância permanente, para evitar a depredação.Santa Efigênia
“O dique de contenção protegeu mais de cem famílias nesta enchente”, declarou o representante da Comissão do Dique Santa Efigênia, Adagir Saggin. A comissão surgiu após a catástrofe de 2008. Apesar de ter auxiliado, Saggin apontou que ainda existem algumas dificuldades a serem solucionadas, como: energia elétrica, falha na estrutura, uma galeria obstruída, desaceleração das águas. “Temos que pensar na educação da população e na engenharia”, observou.

Vila Nova e Vorstadt
O problema de cheias no bairro Vila Nova também foi discutido. O empresário Darci Sabino, que mora há quase 40 anos no bairro, disse que a situação do dique da Vila Nova é fácil de resolver. Ele não chegou a revelar detalhes, apenas forneceu o endereço para ser procurado. Já o morador do bairro Vorsdadt, empresário Carlos Wagner, ressaltou a enchente que o bairro sofreu em 2008. “Desde então, instalamos uma bomba nova, que consegue retirar um milhão de litros por hora. Com a última enchente, percebemos que precisamos de mais uma bomba. Este sistema funciona e, desde então, até 13 metros, não pegamos mais enchente”. O morador sugeriu que se faça a mesma prevenção em outros bairros.
Autoridades

Jean Kuhlmann
O deputado estadual dividiu dois momentos com a comunidade presente. “O primeiro triste por voltarmos a discutir sobre um assunto tão recorrente. Desde que eu era suplente, já ouvia falar em soluções para estes problemas. O segundo é de alegria por ver uma comunidade mobilizada e tão organizada. Este é um momento histórico”. Para Jean, a audiência não serve para achar culpados, mas para soluções. “A maioria das soluções já estão encaminhadas. É importante que a Defesa Civil fique atenta e cobre o custo de cada obra e qual técnico deste departamento vai acompanhar a aplicação dos recursos”. As comunidades, segundo parlamentar, também devem definir uma comissão que gerencie e fiscalize os trabalhos.

Ana Paula Lima
O trabalho do Comitê da Bacia do rio Itajaí-Açu foi elogiado pela deputada estadual, que incentivou o pensamento abrangente e não apenas do município. Também motivou que seja feito um planejamento da cidade por inteiro, e não apenas do Centro. “Nossa cidade pode sucumbir se não prestarmos atenção no que a natureza está nos mostrando”, afirmou. Ela ainda declarou que recursos não faltam para executar benfeitorias.

Vânio Salm
O vereador destacou a importância da discussão acerca das cheias. “Podemos observar que faltam investimentos em educação, pesquisa, tecnologia e prevenção. Quanto tempo nós gastamos discutindo os problemas que nós mesmos criamos? Recebemos a natureza bela e perfeita, mas acabamos desconstruindo aquilo que recebemos construído”. Vânio disse que é preciso que a comunidade, autoridades e empresários se unam para prevenir novas catástrofes.

Fabio Fiedler
O vereador Fabio Fiedler destacou a importância de compartilhar experiências para buscar soluções. Destacou a eficiência do envolvimento do poder publico e da comunidade, no ultimo evento. “De todos os diques em funcionamento, vimos a atuação conjunta para enfrentar o problema, como o exemplo do Vorstadt”, assinalou. O vereador disse que a Fortaleza já merecia maior atenção há muito tempo, e anunciou que em poucas semanas a licitação deverá ser lançada para resolver o problema do dique. Ao mesmo tempo, transmitiu a garantia do prefeito municipal de que a reivindicação do Vorstadt e da rua 25 de Julho, receberá a atenção devida. Fiedler também considerou fundamental o sistema da Santa Efigenia na ultima enchente e reconheceu que os problemas na Vila Nova, se agravaram desde 2008. Por fim, elogiou a união dos moradores da margem esquerda do Rio Itajaí-Açu.Jovino Cardoso Neto
“Mais uma vez, começo a ficar preocupado. Tem que haver uma resposta para a comunidade, porque com poucos milímetros de chuva, a preocupação aumenta. Falta atenção à sociedade blumenauense, e está na hora de mudar essa história”, disse o vereador. Ele cobrou datas para a conclusão de obras que se arrastam há décadas.

Helenice Luchetta
Para a vereadora, os problemas debatidos hoje tem sido discutidos há décadas, então não é momento de achar culpados. “Os vereadores têm buscado ações, mas freqüentemente ouvimos que o tempo excedeu e perdemos os recursos”, destacou. Ela observou que o prefeito municipal garantiu que o projeto reformulado da margem esquerda ficará pronto até sexta-feira (07) e que, na segunda–feira (10) será apresentado a Caixa Econômica Federal. “Nós com certeza cobraremos, porque esta obra não pode mais esperar”, disse.

Texto enviado a Sala de Noticias Assessoria de Imprensa Câmara de Vereadores de Blumenau
Fotos:Crédito Gabriela Godoy